segunda-feira, 22 de junho de 2009


Podia estar numa paragem, com um sol ardente, sem ninguém a passar na estrada e com campo a volta que não daria por ela.

Estou omnipresente.

A pensar em nada, com a alma bem longe dali.

Observo as palavras que voam a minha volta, sem ordem e tamanho. Ilegíveis.

Enquanto que o meu corpo não reage a nada, e a minha cara não tem expressão. Não faço nada contra vontade, mas a minha expressão fá-lo parecer.


Só me apetece boiar em mar, só quero olhar as nuvens.



sábado, 13 de junho de 2009

Saímos do sonho.

Um som constante e agudo faz me acordar.
Os meus olhos abrem e deparam-se com o tecto húmido e com manchas. Aí, apercebo-me, estou em casa. Desligo o despertador com desprezo.
Levanto-me da cama que tem um cobertor de penas aconchegante e sinto logo o frio da manhã de Inverno. Pego na roupa e levo para a casa-de-banho, tomo um banho.
Já pronto, vou rapidamente à cozinha e sem tempo para mais, o iogurte é a única solução. As chaves do carro já estão no bolso e a pasta do trabalho já está na porta.
Entro no carro e a chuva torna-se mais forte. São sete e meia da manhã, ainda o sol não nasceu e eu já vou a caminho do trabalho. Quando chego à estrada principal deparo-me com uma fila interminável de carros que preenche a estrada toda. Naquele momento em que nada me ocorre, começo a apreciar os carros que lentamente conseguem andar. Reparo que a maior parte das pessoas que passam por mim são idênticas a mim. Têm um aspecto cansado, um carro comercial e uma pasta de trabalho. Depois começo a reparar na sua expressão, parecem impacientes. Penso que como eu estão a pensar se vão conseguir chegar a horas ao trabalho.
Finalmente chego, estaciono o carro e apresso-me a ir para o escritório pois já estou uns minutos atrasado. Entro no escritório e preparo-me para começar a trabalhar quando vejo o ‘Patrão’ chegar. Vem com um casaco novo, admiro-o enquanto sorri com os seus dentes já um pouco amarelos daqueles charutos caros que ele tanto gosta. Atento nele, concluo que ele é como a maior parte das pessoas neste tempo. Ele tem muita ambição e a sua vida resume-se a dinheiro, luxúria e prazer. Estas palavras já não me surpreendem, acho que a sociedade e o ser humano estão a tornar-se cada vez mais frios.
O telefone toca.
Começo a organizar os papéis, a fazer os telefonemas e a receber pessoas. O habitual.

Chega a hora do almoço e como é costume o senhor simpático do restaurante em frente ao edifício onde trabalho já tem a mesa pronta para mim. Por vezes quando saio mais tarde do trabalho o Fast Food é uma solução rápida e barata. Depois do almoço, o café e um cigarro, dois vícios que não consigo deixar. Deve ser porque sinto que é um dos poucos prazeres que tenho.
De volta ao trabalho.
Saio já noite, o meu dia foi trabalhar. Ainda tenho o som do telefone a tocar na minha cabeça e os olhos doem-me de estar em frente ao computador.
Hoje, no trabalho fiquei a pensar num acto meu. Eu pedi uma caneta ao meu colega do lado pelo computador. Fiquei a pensar porque não me levantei e lhe fui pedir pessoalmente.

No caminho para casa começou a dar uma música no rádio que me fez lembrar alguém, uma Senhora que hoje vi no seu carro enquanto apreciava o modo de vida das pessoas pelo seu estado actual.
Não sei porque me lembrei dela mas achei que ela tinha um ar diferente e simpático.

De regresso. Chego ao prédio branco com porta preta, é aqui. Entro e ao subir as escadas distraído com o porta-chaves ouço um som estranho. Um cão apareceu ao virar das escadas e atrás dele, ela. A senhora que estive a reparar na estrada, estava ali diante de mim. Cumprimentei-a e mantive um pequeno diálogo com ela, cheguei a descobrir que ela era minha vizinha e se tinha mudado há pouco tempo para este prédio.

Senti que alguma coisa ia mudar de ali em diante.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Deixa-te levar com o vago vento do meu sopro